Por Misaki Mei
Se você gosta de ler notícia sobre o Japão, já deve ter visto sobre
as prisões de “piratas” e a pressão das empresas por leis mais rígidas. A
grande razão disso (pelo menos no mercado de mangás) é a queda contínua
da venda da maioria das publicações nos últimos anos.
A “queda” não é grande o bastante para acabar com o mercado neste
momento, acalme-se, mas é uma amostra de que a “era de ouro” do mangá
passou e estamos no declínio. O que não quer dizer que o mangá como
conhecemos vá sumir, a longo prazo a coisa pode se inverter
drasticamente, quem sabe.
Imagino que muitos que entraram na onde de mangás e animes
recentemente, ou que mantêm um interesse mais causal, não percebam o
quão novo tudo isso é. As grandes obras que conhecemos e seus autores
surgiram a menos de 30 anos atrás (excluído coisas como
Ozamu Tezuka e Hagio Moto, que tem cerca de 50 anos). Compare isso às
coisas como Super-homem que tem mais de 70 anos, Asterix com 50 anos ou
clássicos como Príncipe Valente fazendo 75 anos.
A primeira revista de mangás contemporânea foi a Gekkan Manga Shounen
da Kodansha, lançada em 1947 e extinta em 1955. Mesmo esta tendo
falhado, grandes nomes nasceram na época de sua morte como: Ribon
(1955), Shuukan Shounen Sunday (1959) e Nakayoshi (1954). Mas foi na
próxima década que a coisa expandiu, a Kodansha ressurge com a Shounen
Magazine em 1960, a Margaret nasce em 1963, Big Comic nasce em 1968, a
Shounen Champion em 1969 e a grande Jump em 1968.
Na próxima década são lançadas pelo menos 20 novas magazines.
Conforme nos aproximamos dos anos 1980, a coisa aumenta ainda mais e
durante os anos 1980 e 1990, ápice de vendas, houve pelo menos 80
novas magazines, muitas já extintas. Após isso, entra o declínio, 30
dessas revistas morrem, embora muitas mais tenham sido lançadas na
época.
A “era de ouro” foi os anos de 1985-2000 quando algumas revistas
vendiam mensalmente 5 milhões de cópias, época de Samurai X, Dragon Ball
e Slam Dunk. Em 1995 foi o grande recorde, a Shounen Jump (a semanal)
vendeu mais de 6.53 milhões de cópias. Mas já em 1998, com o final de
tais séries, a revista passou a vender uma média de 4.45 milhões,
chegando, mais tarde a perder sua primeira posição em vendas para a
Shounen Magazine (a semanal). Enquanto isso competidores menores ainda
sim vendiam mais de 1 milhão de cópias, algumas chegavam aos 2 milhões.